quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A consciência política tupiniquim


                    
Senhores,sou um simples escrevinhador,como minhas linhas freqüentemente atestam,e, por isso,me contentaria em ficar trancado escrevendo sobre coisas abstratas e tomando café até a consumação de minha existência.No entanto,os escrevinhadores  também vivem no mundo real, e também se importam com  a atual  conjuntura política.E,do jeito que as coisas estão,não podem continuar.A apatia política do brasileiro chega a causar náusea.São absurdamente freqüentes raciocínios do tipo  “se nenhum vereador  me oferecer um cargo na prefeitura,eu voto em Chimbica do cabaré”.O incrível é que o colossal eqüino autor desta genial constatação não percebe que,se votar em Chimbica,o referido candidato poderá ganhar e comer o dinheiro público da mesma maneira que qualquer outro.A situação se inverteu:o objetivo do brasileiro,inicialmente, ao reclamar dos políticos,era buscar o melhor para o seu país;mas hoje,com o disseminadíssimo descrédito da prática política,ocorre também um descrédito da conduta ética,o que equipara o eleitor ao político corrupto.É como se o eleitor pensasse da seguinte forma: “ora,se os políticos são em sua maioria uns vagabundos e uns ladrões,e os poucos que realmente têm propostas sérias não conseguem nem atingir  10% nas pesquisas,e,portanto(prestai atenção a essa excepcional parte do raciocínio agora,oh,jovem!),nunca vencerão as eleições,ou,ainda que chegassem a esse ponto,se corromperiam com o poder(!),então o melhor é votar em branco ou protestar votando em algum candidato fraco e ir vivendo minha vida,ou talvez eu apóie algum vereador que me prometer emprego.”E, assim,para a desgraça de todos e vergonha geral da nação,Tiririca chegou à Câmara.
            Pessoal,falando sério,essa situação já se tornou insustentável.O eleitor não percebe que caiu na armadilha que os corruptos o incentivaram  a criar;o prejuízo dessa maneira de pensar não vai só para a conta de um ou outro eleitor,mas  atinge todo o país.E o problema não é apenas da prática política,mas da dimensão que a corrupção ganhou.Vivemos em uma corruptocracia:a corrupção está disseminada por quase todas as atividades do brasileiro.O mais hipócrita é que a imensa maioria da população reclama da corrupção nos altos escalões,mas quase todos lançam mão do  “jeitinho brasileiro”(atente para o nome da expressão) para resolver mais rapidamente questões do dia-a-dia.E essa é a raiz do problema:a normalidade da hipocrisia cotidiana.Essa normalidade precisa ser desnormalizada. Não se trata aqui de mais uma maçante utopia ingênua,mas de resolver um problema conhecido por todos e cuja solução é igualmente de domínio geral.Basta que pensemos em algumas atitudes tomadas por nós mesmos(sim,não prego aqui a santidade do blogueiro) e pelas pessoas que nos cercam para percebermos que muita coisa deve ser mudada.Talvez as coisas não mudem,mas ao menos teremos tentado.É melhor sair à luta do que ficar sentado,esperando as coisas passarem.
            O período que vivemos agora é ótimo para reavaliarmos nossos critérios de escolha de candidatos.Estamos em meio a  uma disputa eleitoral.Outra aspecto ao qual deveríamos nos ater é o de que, hoje em dia,temos uma vantagem bem maior para escolhermos nossos candidatos que em épocas passadas:imagine-se,leitor,vivendo em uma fazenda na república velha.O voto não era secreto,os coronéis solicitavam gentilmente com suas carabinas que o “cumpádi” votasse neles,e não havia internet para reclamar dos políticos.Havia no máximo um jornalzinho,que,dependendo dos coronéis,seria de edição única caso os contestasse.A única opção do estimado leitor seria levar sua família para morrer de fome na capital,onde  estaria -em tese-,livre da carabina do “coroné”,ou se sujeitar a toda essa cabrestada.Certamente,a jovem república brasileira não era o melhor dos ambientes para ser politicamente independente.Imaginemos agora outro momento histórico brasileiro:  vossa senhoria vivendo no tempo do maravilhoso regime militar.Se o leitor,na época do bondoso titio Costa e Silva,resolvesse sair à  rua e dizer: “Eu tenho liberdade de pensamento!Quero que o povo vote diretamente para presidente!Diretas-já!”,seria chamado de subversivo, comunista,comedor de criancinhas,Stálin brasileiro, anátema,maldito,satanás na terra,etc,e depois seria  convidado a ser  levemente torturado no DOI-CODI até “se livrar de seus ímpetos libertários”(leia-se ‘a morte’).Que legal,não?É,percebe-se que as coisas melhoraram.Vieram as Diretas-Já - que demoraram uma eternidade para aparecer na Globo,e isso só aconteceu porque até o papagaio do Roberto Marinho queria eleições diretas - e a abertura democrática.Mas foi preciso que nêgo levasse muito choque nos testículos para que nós chegássemos onde estamos.
            Agora analisemos a situação atual: temos uma Constituição que assegura formalmente os nossos direitos da maneira mais democrática até este ponto da história do país ,o que é uma coisa incrível,se olharmos bem; podemos votar e ser votados livremente,sendo o voto direto,secreto(ah,se os coroné subesse),universal e periódico, e temos internet,que é uma ferramenta quase onipotente para pesquisarmos as vidas dos candidatos e estudar a história do país,além de servir para se comunicar com qualquer pessoa sobre o que acontece no mundo(a menos que estejamos no Facebook  postando toda quinta-feira que “amanhã é sexta-feira”,o que,por motivos óbvios,é muito mais importante).O mais incrível é que,mesmo com tudo isso,temos um palhaço(profissional,por favor,senhores) deputado federal,além de todos os outros que foram bem-sucedidos em usar estratégias ridículas para se eleger,temos uma corrupção generalizada e uma das piores educações entre os países ocidentais.Seria por impossibilidade de solução que esses problemas persistem?O que acham?
            Assim,senhores,vamos pensar um pouquinho mais nas conseqüências de nossas  ações.Vamos olhar para o que já aconteceu nesse país,e valorizar mais nosso voto.Hoje não temos  que suportar torturadores para conseguir esse direito,e isso deve significar alguma coisa.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Inauguração sem comes,bebes ou bêbados



            Jovens deste Universo (ou de qualquer outro que porventura chegue a ler estas linhas):após séculos de promessas,finalmente tomei,como diriam nossos colegas de España, “verguenza en la cara” e iniciei este blog.Não esperem daqui grandes discursos políticos, rigorosas análises macroeconômicas da atual conjuntura ou qualquer coisa do tipo.Não sou,nem de longe,ortodoxo.Sou apenas um estudante de Direito no século XXI; não sou nenhum Joaquim Barbosa ou Hans Kelsen (definitivamente não Kelsen!),mas um sujeito como qualquer outro.Aqui deixo minhas impressões acerca deste mundo convulsionado.Tentarei apenas demonstrar meu ponto de vista.
            Para começar, não pretendo lhes irritar muito com uma introdução longa.Costumo irritar pouco.Quero apenas esclarecer sobre o que haverei de discorrer.
            Escreverei sobre toda e qualquer coisa que me despertar interesse, desde acontecimentos essencialmente reais,como a eleição de algum MC “das novinhas” para presidente da república ou a morte de Sarney(será só imaginação?) a reflexões abstrato-filosóficas-heideggerianas sob uma perspectiva lacan-sartriana aplicadas ao futebol paquidérmico.Também procurarei,dentro de minhas possibilidades,realizar algumas reportagens e entrevistas.Aceito sugestões quanto a esse ponto.Quem dentre vós for assíduo leitor de blogs sobre politicalha babaovista,apartai-vos deste recinto,pois aqui só encontrarás política de verdade.Não haverá,sob hipótese alguma, bajulação de qualquer grupo político por parte deste blog.Independência é meu sétimo nome,depois de Assunção(é verdade).
            Bem, para não continuar enchendo o saco de vossas senhorias, e desejando que, a esta altura, alguém esteja lendo o que escrevo, me despeço agradecendo suas (supostas) presenças. Procurarei estar à altura de vossas atenções.
            P.S.:Quanto às sugestões de temas para artigos ou reportagens,podem entrar em contato por meio do e-mail rierison@bol.com.br